26 de março de 2004

Tem alguém aí?

0,1,2,3,4...
Antes era só alegria, o mundo não mordia
A vida era doce, nem ardia
Mas aí um dia, ou quem sabe dois ou três
Eu só queria superar a timidez.
Queria fazer parte de alguma coisa, se crescer já é difícil
Crescer sozinho é mais, a gente tem que dar um jeito
De gostar de alguma coisa, a gente tem que dar um jeito
De ficar satisfeito, mas se o tempo passa e a vida é sem graça
A gente disfarça na mesa do jantar pra depois tentar desabafar
Numa conversa, mas ninguém se interessa na mesa do bar.
//: Ninguém tá escutando o que eu quero dizer
Ninguém tá me dizendo o que eu quero escutar
Ninguém tá explicando o que eu quero entender
Ninguém tá entendendo o que eu quero explicar ://
Conversa vazia, cabeça vazia de prazer, cheia de dúvidas
De vontade de fazer qualquer loucura que pareça aventura
Qualquer experiência que altere o estado de consciência
Que te dê a sensação de que você não tá perdido
Que alguém te dá ouvidos, que a vida faz sentido.
Chega (chega)! Não! Eu quero mais! Bebe fumma, cheira, tanto faz.
Droga é aquela substância responsável por tornar
Sua vida aparentemente mais suportável.
Confortável ilusão! Parece liberdade, na verdade é uma prisão.
//: Ninguém tá escutando...
Ninguém prepara os jovens, nem os pais nem a TV
Pra botar o pé na estrada e não se perder
Ninguém prepara o jovem pra saber o que fazer
Quando bater na porta e ninguém a tender
Ninguém me dá a chave pra abrir a porta certa
Mas a porta errada eu encontro sempre aberta.
Entrar numa roubada é mais fácil que sair
Tem alguém aí?
Tem alguém aí ou saiu pra viajar?
Tem alguém aí ou saiu pra passear?
Você tá viajando? Quando é que você volta?
Onde você quer chegar?
//: Ninguém tá escutando...
Eu sei que depende, mas se você depende da droga
Ela é a falsa rebeldia que te ajuda a se enganar, a mentira que vicia
Porque parece bem melhor do que verdade do outro dia
Falsa fantasia é a droga que parece mais real do que esse mundo
De hipocrisia que te afoga, a droga é só mais uma ferramenta do sistema
Que te envenena e te condena, overdose de veneno só te deixa pequeno
Muito álcool, muito craque, muita coca
E vai batendo a onda, a onda bate, a onda soca
A onda bate forte, apressando a morte feito um trem,
Você sabe que ele vem, mas se amarra bem no trilho suicida
A doença tem cura pra quem procura
Pra quem sabe olhar pra traz nenhuma rua é sem saída
Ninguém tá escutando o que eu quero...
Ninguém tá me dizendo o que eu quero...
Ninguém tá explicando o que eu quero...
Ninguém tá entendendo o que eu quero.
Gabriel, O Prensador

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