5 de março de 2004

DESERT STRIKE
Do alto da montanha era possível ver a grande planície desértica que o soldado teria pela frente. O sol castigava qualquer ser vivo que insistia em atravessar o Caminho das Flores. Que não tinha flores, apenas areia. Para qualquer direção que olhasse, o deserto se mostrava como única paisagem. De vez em quando, um cactus quebrava o vazio amarelo e fazia-se passar por ser humano entre a imensidão de areia.
A água no cantil iria acabar em poucas horas. Precisava encontrar logo um oásis ou pelo menos um vilarejo onde pudesse conseguir mais água.
Quando os passos já ficavam pesados, um avião barulhento cruza o céu e bate contra a montanha por onde ele tinha passado. Uma nuvem preta de fumaça e fogo se levanta á sua frente. O soldado já estava longe da montanha e talvez não valesse a pena voltar se não houvesse sobreviventes. Mas em compensação, poderia haver água ou comida entre os destroços. Calculou uns vinte minutos, meia hora no máximo, para ir de onde estava até o local do acidente.
Resolveu esperar um pouco. Nada aconteceu, a avião continuava a pegar fogo e não havia sinal de sobreviventes. Decidiu-se por ir até lá.
Chegou ofegante aos destroços. Entre a fumaça, pôde ver que se tratava de um avião inimigo, pela bandeira impressa num pedaço de porta. Não era bombardeiro nem de caça, com certeza era um cargueiro transportando munição e suprimentos.
O soldado sacou a arma, carregou e entrou no avião com cautela. Ainda havia a possibilidade de algum soldado inimigo sobrevivente ter percebido sua aproximação. O corpo do piloto jazia esmagado entre o banco e o painel de controle, mas não se via sinal de mais ninguém. A fumaça e as chamas dificultavam a visão, mas mesmo assim deu para perceber que o avião carregava apenas uniformes do exército. O soldado abriu todas as caixas e todas carregavam a mesma coisa.
Na cabine, ao lado do piloto, uma caixa fechada e lacrada com o símbolo do exército inimigo. Misteriosamente, nada além disso escrito na caixa. O soldado pegou a caixa e levou para o lado de fora do avião. Quando abriu, não sabia se ficava triste ou feliz: havia uma dúzia de whisky envelhecido e de melhor qualidade. Como não poderia caminhar com muito peso, pegou três garrafas e seguiu seu caminho. Tomou o restande d'água que tinha no cantil e guardou as garrafas na mochila.
Durante cinco dias ele vagou pelo deserto tomando whisky ao invés de água. Quando finalmente chegou ao primeiro povoado, foi socorrido pelos nativos, que lhe deram açúcar e um pouco de comida. O general , ao saber do feito, tratou de promover o soldado a capitão e reenviou-o para a batalha.
Foi morto com um tiro certeiro no início do combate.
Parece verdade, mas é a pura mentira.
Sério!
Pode acreditar!

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