26 de fevereiro de 2004

alguém viu meu coração?

ele saiu pulando por aí.
saltou pela boca!

25 de fevereiro de 2004


Sai-te!



Da avalancha de expressões inglesas que deformam a língua portuguesa, uma, em particular, é humilhante: site. Popularizou-se entre os usuários da Internet, e também na imprensa, evidentemente, que tudo transcreve como um copista autista. Site quer dizer sítio. Tanto em inglês como em português, a palavra tem o mesmo significado (lugar que um objeto ocupa, segundo o Aurélio e o Webster), porque provém da mesma matriz, o latim situs. Ou seja, a palavra portuguesa sítio tem origem e acepção idênticas aos da palavra inglesa site, mas, no Brasil, agora dizemos site no lugar de sítio.

A opção brasileira por site (portugueses e castelhanos usam sítio), justifica-se pelo fato de a palavra ter, também, o significado de chácara. Ocorre que esta acepção rural é um brasileirismo, isto é, foi dada apenas aqui, como sinal de engenho no manejo do vocabulário. Não existe em Portugal. Na língua portuguesa falada no Brasil, sítio tem, portanto, as duas acepções - de lugar e de chácara -, além de outras registradas pelos dicionários.

Tudo seria tolerável se o tijolo de som estranho à grafia não fosse considerado, oficialmente, uma palavra da língua portuguesa. Foi incluída no Vocabulário Ortográfico, preparado pela Academia Brasileira de Letras, nesses termos: "site (saite) s.m. ing.". Cresce tanto a degradação do idioma, praticada pelos que deveriam defendê-lo, que não só importamos palavras para substituir as aqui existentes, como deformamos a prosódia clássica do português ao dar ao i o som inglesado de ai. No mínimo, ainda que desnecessária, a palavra deveria ter sido aportuguesada pela Academia. Segundo a regra histórica, defendida pelos grandes cultores do idioma, do português Gonçalves Viana ao brasileiro Napoleão Mendes de Almeida, a grafia deve corresponder à pronúncia. Por isso, em português, existe náilon, não nylon, e dizemos álibi e não alabai.

Fonte: Instituto Gutenberg - Centro de Estudos da Imprensa

24 de fevereiro de 2004

Site do Projeto Difusão Animae, é bem interessante, traz exposições individuais de diversos artistas comtemporâneos brasileiros. Entre eles Marcos Magaldi, Pierre Yves Refalo, Lily Sverner, Manuel da Costa, Cristiano Mascaro, Luciana Napchan, German Lorca, Claudia Andujar (a dona da foto aí ao lado), Ella Dürst, Mauro Holanda, Leonid Streliaev, Leopoldo Plentz, Lisette Guerra, Arcangelo Ianelli, Tomie Ohtake, Wesley Duke Lee, Alfredo Aquino, Siron Franco, Emanoel Araújo, .... .....




"O Projeto Difusão Animae é um museu virtual que reúne importantes artistas plásticos contemporâneos e fotógrafos de arte brasileiros (ou em atuação no Brasil). Os artistas e fotógrafos apresentam aqui exposições individuais com trabalhos recentes, o que visa ampliar o conhecimento sobre a obra de cada um deles, difundindo suas propostas e o seu pensamento artístico.
Entre e veja suas exposições individuais"




23 de fevereiro de 2004


"Carnaval Carnaval
eu fico triste quando chega
o carnaval"
E eu ouvi, como se fosse o barulho de um trovão
uma das quatro bestas dizendo:
"Venha e veja."
E eu vi.
E contemplei um cavalo branco.

E eu ouvi uma voz por entre as quatro bestas,
Olhei e contemplei: um cavalo pálido.
E o nome, daquele que o montava, era Morte.
E o Inferno o seguiu.
Puta que pariu
Meu gato pôs um ovo
Mas gato não põe ovo, puta que pariu de novo

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
quero morrer
todo peladão

A princesa Isabel,
que se amarra num negão
fumou um baseado e aboliu a escravidão.
Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
de dia eu durmo e
de noite eu fumo um baseadão.

Dom Pedro Primeiro,
rapaz inteligente
fumou um baseado e nos deixou independente.

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
só faço sexo
dentro do caixão.

Diego Maradona,
que joga na Argentina
não sabe se é crack ou ainda é cocaína

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
só bebo sangue
de menstruação.

Tava na esquina,
fumando um baseado
chegou a polícia e me levou pro delegado

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
de dia eu durmo e
de noite eu fumo um baseadão.

O meu pai tem um carro
que é movido a gasolina
mas como eu não tenho carro sou movido cocaína

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
de dia eu durmo e
de noite eu fumo um baseadão.

Até Santos Dummond
que era um grande caretão
fumou um baseado e inventou o avião.

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
de dia eu durmo e
de noite eu fumo um baseadão.

Na casa da minha vó
não tinha um baseado
fiquei desesperado e fumei capim com cravo.

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
soy muy locão
e overdose é bão.

Garotinha linda
eu gosto muito de você,
mas o que eu gosto mesmo é de L S D!

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
eu fumo todas
e não abro mão.

Quando eu morrer
não joguem flores no meu caixão
pode botar maconha que é pra eu subir doidão

Sou vampiro doidão
Sou vampiro doidão
de dia eu durmo e
de noite eu fumo um baseadão.

[ zoando seus amigos da roda de viola ]
Humberto é meu amigo
Humberto é meu colega
Eu vou fazer com ele o que o cavalo faz com égua

OBS.: esta música não foi composta ou gravada pelo Raul . Os
verdadeiros autores são OS IMPOSSÍVEIS.

20 de fevereiro de 2004


ANDARILHOS NA TEMPESTADE - PARTE II

Três meses depois de sair de Lisboa, quase sem comida e água, o primeiro monte é vislumbrado pelo timoneiro. Sozinho, ele pula, grita, ri e corre içar a outra vela para pegar um vento que chegue mais rápido ao esperado destino. Ele puxa a corda, larga o mastro, amarra a corda e corre ao timão para corrigir a rota. Em pouco tempo, seus pés terão terra firme onde pisar, água doce e fresca para beber e frutas para se deliciar. Finalmente, o longo tempo de espera chega ao fim, as noites de solidão em alto mar, as águas revoltosas e a fome que ja não era mais saciada com o que ele tinha no porão, tudo agora vai chegar ao fim.
Falta pouco, o monte fica cada vez mais próximo e já se pode perceber que se for uma ilha, não é pequena, a floresta que cobre o morro é seguida de um paredão rochoso que segue a costa até se perder de vista. A água começa a tomar uma coloração mais esverdeada e o timoneiro precisa desviar de alguns recifes de corais para não ficar encalhado, ainda faltam uns dois quilômetros, talvez um pouco mais para que possa colocar os pés na areia. A espera é angustiante.
Quando o barco chega mais perto da praia, ele lança a âncora, pega a canoa e um remo e pula n'água . As remadas fortes mostram a pressa do marujo em sair do mar, antes de alcançar a areia ele pula da canoa e chega nadando até a orla.
Deitado no chão, ele gargalha o feito. Relembra de toda a viagem, os perigos que superou, a longa espera, a solidão. Ninguém creditou que ele iria conseguir, chamaram de suicida, não teve apoio de ninguém e mesmo assim pegou seu barco e aliou-se ao mar, sem saber se a água e a comida eram suficientes. E agora sua luta chegava ao fim, o objetivo foi atingido.
Levantou, olhou em volta e ficou admirando a bela paisagem onde estava. Andou alguns metros e alcançou o mato. A floresta não parecia virgem, tinha galhos verdes quebrados pelo chão e pegada de animais na terra. O interior da mata era tão escuro e amedrontador que o marujo voltou para a praia. Andou na direção do paredão e viu uma bela índia lavando algumas frutas. Para sua surpresa, ela não se assutou quando o viu. Parecia já esperar pela sua chegada.
Ele se aproximou e parou na frente dela, os dois ficaram se olhando e ela abriu um belo sorriso mostrando seus dentes alvos e bonitos. Sem dizer palavra, os dois lábios se tocaram demoradamente. Quando ela se afastou, ele ainda tinha os olhos fechados, e manteve assim na ânsia de receber outro agrado.
Mas não viu nada, quando abriu os olhos, estava em pé, dentro do porão do navio, em frente à portinhola por onde se via a imensidão do oceano e nehum sinal de terra. Era mais uma vertigem trazendo seus sonhos pra realidade.
Putlaineindecuquie

roaribori cuquie in nari borofori cuquie in nari borofori dainasista haidari
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh colidá ocomoco
dócto indenocoe daquiteqse
dóóóóócto
putniisnoliéquiquese
dóóóóócto
indenacnactequese
dóóóóócto
indenacnactequese
.
.
.
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh trec poouro
putlaineindecuquie in nosh colidá ocomoco
dócto indenocoe daquiteqse
dóóóóócto
putniisnoliéquiquese

19 de fevereiro de 2004

Statler Brothers
Flowers On The Wall


I keep hearing you're concerned about my happiness
But all that thought you're giving me is conscience, I guess
If I were walking in your shoes I wouldn't worry none
While you and your friends are worrying 'bout me, I'm having lots of fun

Counting flowers on the wall
That don't bother me at all
Playing solitaire till dawn with a deck of 51
Smoking cigarettes and watching Captain Kangaroo
So don't tell me I've nothing to do

Last night I dressed in tails pretended I was on the town
As long as I can dream it's hard to slow this swinger down
So please don't give a thought to me I'm really doing fine
You can always find me here and having quite a time

Counting flowers on the wall
That don't bother me at all
Playing solitaire till dawn with a deck of 51
Smoking cigarettes and watching Captain Kangaroo
So don't tell me I've nothing to do

It's good to see you, I must go, I know I look a fright
Anyway my eyes are not accustomed to this light
And my shoes are not accustomed to this hard concrete
So I must go back to my room and make my day complete

Counting flowers on the wall
That don't bother me at all
Playing solitaire till dawn with a deck of 51
Smoking cigarettes and watching Captain Kangaroo
So don't tell me I've nothing to do

Brian Wilson toca, ao vivo, disco perdido dos Beach Boys


Brian Wilson, o gênio por trás dos Beach Boys, confirmou o lançamento de um disco perdido da banda, gravado há 40 anos, quando eles estavam no auge do sucesso. O disco "Smile" tem um status de lenda entre os aficionados por rock e é tido como o melhor disco entre todos aqueles que nunca foram lançados. Este seria o disco que sucederia "Pet Sounds", a obra-prima dos Beach Boys. O que aconteceu porém é que Wilson, que descreveu o disco como "uma sinfonia adolescente pra Deus", achava que ele não teria muito apelo comercial e, então, mandou-o para seus arquivos, onde ele ficou até o momento...[Leia Mais]

Fonte: Rockwave
*YOU GUILTY*

At least, it can be great
When the things get much better
I just hope is not too late
To wright you this fucking letter

There is a thing i can't forget
Such a lesson that you don't learn:
The payment is the cost to bet
And thetime will never return

The love have another meaning
But you don't understand it so right
When play with our own feelings
And we're started to argue and fight

Now, you're gone and leave forever
Talking with doors, walls and darkness
If you told me before, it doesn't matter
'Cause the very important is my hapyness

18 de fevereiro de 2004

Organização antiglobalização Attac comemorará quinto aniversário com CD

Paris, 17 fev (EFE).- A organização antiglobalização Attac comemorará seus cinco primeiro anos de existência com a produção de um CD com canções de cerca de quinze artistas, entre eles Emir Kusturica, Manu Chao, Nitin Sawhney, Moby, Idir e Salif Keita.

Todos eles doaram uma canção inédita ou rara para uma compilação batizada de "Attac, outro mundo é possível", informou a organização em um comunicado.

O disco será acompanhado de um livro com contribuições de escritores, professores universitários, políticos e figuras conhecidas, como o sub-comandante Marcos, o sindicalista francês José Bové e o prêmio Nobel de Literatura 1998, José Saramago.

Um conjunto de fotos ilustrará a publicação com testemunhos da luta contra a globalização, acrescentou o comunicado.

O projeto será difundido por distribuidores independentes em vários países e permitirá o financiamento de iniciativas da Attac.

(Fonte: Uol)

17 de fevereiro de 2004

Soneto da vida longa
(Eduardo Carvalho)

É como desenhar uma estrela
feita com cinco pontas em roleta
que refiguram o homem para si:
cabeça no alto e os membros em xis.

É como desvendar o grande enigma
tocar o centro aceso da chama ígnea
flutuar no silêncio calmo do aqui
nu no eterno agora de ser feliz.

É como atravessar o etéreo abismo
entre a razão e o sentimentalismo
da dúvida daquilo com que cismo.

É como alcançar sagrado segredo,
de tal vulto, que perco todo o medo
do que, oculto, me mataria mais cedo.

16 de fevereiro de 2004


Diamante Descomunal


Um diamante de inimagináveis 10 bilhões de trilhões de
trilhões de quilates brilha no espaço a 50 anos-luz de qualquer ambição
terrena. Pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian
detectaram na constelação de Centauro uma estrela-anã branca cujo núcleo é
formado por um bloco de carbono cristalizado - um diamante.

A pedra tem 4 mil quilômetros de diâmetro e 2,25 milhões de trilhões
de trilhões de quilos. Em quilates, seria o número um seguido de 34 zeros. O
maior diamante já encontrado na Terra - o Estrela da África, que pertence à
Coroa Britânica - tem "meros" 530 quilates.

"Seria preciso um porta-jóias do tamanho do sol para guardá-lo",
descreveu, em um comunicado, o astrônomo Travis Metcalfe, que liderou a
pesquisa que levou à descoberta. "Para bancá-lo, Bill Gates e Donald Trump
não davam nem para começar."

Metcalfe conta que os especialistas estão se referindo à "jóia" como
Lucy, em referência ao clássico "Lucy In The Sky With Diamonds", dos
Beatles.

"É a mãe de todos os diamantes", diz o pesquisador, sem esconder a
empolgação e a surpresa.

O estágio em que estrela que guarda com núcleo de diamante está é o
destino do Sol. Quando morrer, daqui a estimados 5 bilhões de anos, o astro
também se tornará uma estrela-anã branca. Dois bilhões de anos depois, o
coração do Sol também vai se cristalizar, dizem os pesquisadores.

"Nosso Sol vai se tornar um diamante que será verdadeiramente
eterno", brinca Metcalfe.

Fonte: Globo.com

Dezesseis Toneladas


Algumas pessoas dizem que o homem é feito de barro
Um homem pobre é feito de músculos e sangue
Músculos, sangue, pele e ossos
Uma mente fraca e as costas fortes

Você carrega 16 toneladas e o que ganha?
Um dia mais velho e mais afundado nas dívidas
São Pedro não me chame porque não posso ir
Devo a minha alma à empresa

Nasci em uma manhã em que o sol não brilhava
Peguei minha pala e me encaminhei à mina
Carreguei 16 toneladas de carvão número 9
E o chefe saliente abençoou minha alma

Você carrega 16 toneladas e o que ganha?
Um dia mais velho e mais afundado nas dívidas
São Pedro não me chame porque não posso ir
Devo a minha alma à empresa
.....

Um pedaço da letra traduzida (por mim, podem conter más interpretações, vai saber) da música Sixteen Tons (Dezesseis Toneladas) de Tennesee Ernie Ford. Este som foi-me indicado pelo Sr. Slomp. À quem compete tal conhecimento, sabe de quem vos falo. Gostei

13 de fevereiro de 2004


Justiça manda indenizar fumantes em São Paulo


A Justiça decidiu que duas empresas fabroicantes de cigarro, Souza Cruz e Philip Morris, deve indenizar fumantes e ex-fumantes do Estado por omitirem informações sobre a periculosidade do fumo. Elas também foram condenadas por veicularem propaganda enganosa e abusiva.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, esta é a maior derrota jurídica da indústria do cigarro no Brasil. A ação foi movida pela Associação em Defesa da Saúde do Fumante (Adesf). O valor das indenizações pode chegar a R$ 37,5 bilhões.

A sentença foi proferida pela juíza Adaísa Bernardi Isaac Halpern, da 19ª Vara Cível de São Paulo. A juíza determinou um prazo de 60 dias para que os fabricantes mudem a embalagem do cigarro e passem a informar nela os dados técnicos do produto, a composição química do fumo, as precauções de uso, a sua periculosidade e o responsável técnico.

A decisão da Justiça também fixou uma multa diária de R$ 100 mil como punição para os fabricantes que não cumprirem a determinação.

Fonte: Terra
será o cão
perdido Lúcia viu
pastor jardim caiu
caneta Zé caneca
preto carmim mural
perder amor
lambuza bem
bem coração lápis
Tadeu

12 de fevereiro de 2004

ANDARILHOS NA TEMPESTADE

No fim do dia, estava exausto. Tinha andado um bom pedaço, mas ainda faltava muito, teria pelo menos mais dois dias de caminhada pela frente até chegar ao vilarejo mais próximo e encontrar sua noiva. Trazia consigo uma pequena mochila em forma de saco, onde colocava seus pertences e uma faca artesanal para o caso de ser atacado durante a viagem por um desses andarilhos que vivem vagando pelas estradas do condado.
Olhou em volta, chutou alguns gravetos para longe e decidiu se instalar ali mesmo onde estava. Parecia bem protegido, sem muito vento, um pouco escondido dos ladrões e ainda tinha uma boa árvore para se encostar. Puxou uma pedra que estava perto da estrada e sentou, abriu a mochila, tirou um pedaço grande de pão e separou um naco para comer. Enquanto comia, pensava na arquitetura do lugar onde iria montar pouso até o dia seguinte. Percebeu que havia um riacho ali perto, levantou e andou alguns passos até encontrar o estreito córrego que quase não existia vista a pouca quantidade d'agua que corria. Tomou um gole, lavou as mãos e voltou para o acampamento.
Era difícil acender uma fogueira durante a noite, então começou a recolher lenha antes que a escuridão chegasse. Olhou em volta e avistou os gravetos que ele mesmo tinha chutado, precisaria de apenas alguns mais grossos. Com a lenha recolhida e amontoada, começou a acender o fogo usando pólvora, duas pedras e folhas secas.
A noite chegou e apenas o clarão do fogo iluminava o mato. Precisou arrancar alguns arbustos que obstríam o lugar onde ele faria sua cama, perto da árvore, estendeu um pano grosso no chão e um cobertor para se proteger do frio da madrugada. Sem perceber, adormeceu na hora em que se apoiou na árvore.
Antes do primeiro raio de sol aparecer, ele notou que algo se mexia e fazia barulho ali perto. Abriu um olho, depois o outro e viu dois cervos pastando a alguns metros dali, sem pressa nem medo do monte enrolado no cobertor que até então não havia expressado nenhuma ação. Durante alguns segundos, ele ficou ali quieto, olhando os inocentes animais fazer sua refeição matutina.
De repente um estampido. O cervo dá um berro e prostra no chão. O sangue começa a minar e o outro animal, já distante, olha prá tráz para dar adeus ao seu amigo e leva um tiro na cabeça sem ter tempo de escapar.
O caçador se aproximou e avistou alguém encolhido embaixo da árvore que se levantava procurando o autor dos disparos.
Carregou a espingarda e atirou certeiramente na cabeça do homem. Ao sair, ainda comentou consigo mesmo:
- Esses andarilhos! Se eu não sou rápido ele me pegava!
Eu tive que colocar.. não pela Rita (q eu gosto muito por sinal), mas por ser uma artista brasileira!!! Com qualidade, que não tem músicas falando de bunda nem se apresenta de fio-dental!!!

CM - Em janeiro de 96, você tocou na praia, na cidade de Santos, em um show para muita gente, enquanto a TV transmitia o show que o Jimmy Page e o Robert Plant realizavam no Rio. O pessoal do rock da cidade não ficou em casa. Você meio que desbancou o Led Zeppelin naquela noite. Você se lembra ? Como essas coisas acontecem, que tipo de fenômeno é este?

RL - Putzgrila, meu....não lembro disso não. Lembro porém que desbancamos legal o Spin Doctors no Pacaembu. Dia seguinte, no Maracanã, do Rio, Jagger mandou flores e me convidou para abrir logo antes a apresentação deles, o cara foi esperto...

Aqui o resto da entrevista.
“O sonho é conquistar
a mulher do patrão”


"Mais ou menos meia-noite e meia de uma sexta feira, nós do Roquenrou, Arthur Tofani, Rodrigo EBA! e Ronaldo Branco estávamos sendo recebidos por Sérgio Dias, lendário e eterno guitarrista dos Mutantes. Noite quente, roupas pretas e meias brancas, nos levou ao seu home studio, onde nos deixou à vontade para fazermos uma entrevista, o que acabou sendo deixada de canto para um bate-papo informal, muito mais proveitoso.
Começamos a conversar antes mesmo de podermos preparar o gravador. A entrevista segue do ponto onde falávamos da dupla Sandy & Júnior. Não sabemos porque chegamos nesse assunto, mas a transcrição começa de onde o gravador pegou. Precário, mas com tendência a melhorar..."

Este trecho da entrevista com o ex-guitarrista dos Mutantes, foi extraída do site Roquenrou. Um site bem legal sobre música, especialmente sobre rock. Crônicas, entrevistas, quadrinhas, listas de músicas imperdíveis e variedades, td muito bem organizado. Vale a pena conferir.

10 de fevereiro de 2004

FIM DE TARDE
Todo dia em cada fim de tarde
Um sentimento frio e banal
Misturando uma dor que arde
Com a mesma angústia mortal.

De quando eu era pequeno e jovem
Sem ter amigos com quem brincar
Arrastando dias que não se movem
Rezando pra nao ver o tempo passar

Mesmo que ele insista em permanecer
Fora daquilo que eu tinha planejado
Demorando seculos a amanhecer
Nos mesmos dias tristes e calados

Que ja nao tenho certeza estar vivendo
Porque nao me sinto mais assim tao forte
So agora a verdade esta aparecendo
Justamente quando encontro a morte.

Tarde demais...
- Tudo bem?
- Tudo.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Não. Nada.
- A família, as crianças, tudo bem?
- Tudo.
- Mas então o que é que foi?
- Já disse que não foi nada.
- Mas você está sempre rindo, contando piadas.
- É mesmo.
- E porque é que não está rindo hoje?
- Porque não, oras.
- Mas se não está rindo, é porque aconteceu alguma coisa.
- Pois não aconteceu nada.
- Vem cá, a gente sempre se deu bem, não deu?
- É verdade.
- Eu acho até que a gente pode se considerar amigo, não pode?
- É claro que pode.
- Então, pode contar. É problema com mulher?
- Minha mulher? Não, já disse que ela está muito bem.
- Não, eu estou dizendo assim, com outras mulheres...
- Ah, outras. Não, não estou com problemas com outras mulheres.
- Porque, se for isso, eu estou aqui pra ajudar.
- Já disse que eu não tenho problema com mulher nenhuma.
- Então o que é?
- O que é o quê?
- O que é que tá te deixando assim?
- Mas assim como?
- Assim, com essa cara.
- E o que é que tem a minha cara?
- Você... você... sei lá, você está sempre rindo, contando piadas...
- Você já disse isso.
- É, tem razão, mas você não respondeu. Por que é que você não está rindo?
- NÃO ESTOU RINDO PORQUE EU NÃO ESTOU A FIM.
- Calma, também não precisa ficar bravo.
- Eu não estou bravo, eu não estou triste, eu não estou feliz, eu não estou nada! Mas será possível que a gente tem a obrigação de estar sempre feliz, caramba? Por que é que a gente tem sempre que rir das coisas afinal de contas? Parece que hoje em dia todo mundo tem sempre uma piadinha pra tudo. Nos comerciais da televisão, sempre todo mundo rindo. Os apresentadores dos programas, um mais engraçadinho que o outro. Até nos lugares que antigamente era proibido rir, hoje em dia liberou geral. Nas escolas, os professores inventam piadinhas para os alunos aprenderem mais depressa. Até os padres, veja só, andam contando piadinhas durante o sermão. O que é que esse pessoal tem contra uma melancoliazinha afinal de contas? Será que a gente tem sempre que ficar rindo feito bobo? Pois eu não quero mais rir. Pronto. A partir de hoje só rio das coisas realmente engraçadas, que, aliás, são bem poucas, se você prestar bem atenção.
- Você é engraçado, às vezes.
- Engraçadinho...

Rindo à toa - Por Artur de Carvalho

9 de fevereiro de 2004

As vezes fico pensando em quantas pessoas fumam tabaco avulso. Sabem, tipo fumo Trevo que o cara compra um saquinho e papéis para cigarro (o famoso colomy) e vai montando o cigarro. Porque vocês tem que concordar comigo: a quantidade de papéis para enrolar cigarros vendidos é desproporcionalmente maior que a quantidade de fumo.

Outro fato que tenho observado, é que se vende colomy em muito mais lugares do que o fumo. Se você fuma tabaco avulso vai ter uma certa dificuldade de encontrar o fumo, mas se precisar do papel....

Bom, depois de ter comprovado estes fatos, eis que surge o TRITUBARÃO, isto mesmo Tritubarão, triturador de temperos. ehehe o Triturador que faz a mão!!. Em cores moderníssimas, mas no bom e velho formato artesanal. Ahh e com propaganda no rádio e tudo o que tem direito, onde encontrar?? Nas melhores loja de conveniência de sua cidade.

As conclusões deixo para vocês... ahh tem um link para o site aí­ em cima, caso queiram saber onde comprar um para dar de natal para a mamãe cozinheira!



"Depois dos bons e velhos 'esmurrugadores' artesanais, eis que chega ao mercado a evolução em puro plástico colorido. "


6 de fevereiro de 2004


Cópia controlada: direito de quem?

No começo era o Napster. Shawn Fanning introduziu um novo conceito de troca de músicas em formato digital através de um programa que se conectava a um servidor central e permitia que seus usuários baixassem arquivos diretamente de outros usuários. A indústria fonográfica caiu em cima, as gravadoras condenaram e alguns poucos artistas aplaudiram a revolução que começava.

Então a briga se acirrou e processos começaram a circular. Criador e usuários do software foram processados, sites fechados e privacidade invadida. Idéias de como suprir a queda dos lucros anunciada pelas gravadoras, que atribuíram o ocorrido à troca de músicas, começaram a surgir, e então a proteção contra cópia em CDs de áudio começou a ser estudada.

Eis que hoje pego um CD que contém as seguintes informações: "Cópia Controlada - Veja os detalhes no verso". Controlada? Interessante... Virei o CD e vi informações de compatibilidade. A frase em letras pequenas, mas com certo destaque, anuncia: "Problemas de reprodução poderão ser encontrados em alguns equipamentos". Como assim? Comprei o CD e pode ser que meu aparelho não toque?

Abri o CD para vasculhar o encarte. Nada. Tirei o CD e atrás dele encontrei uma "cartinha" impressa, reproduzida abaixo na íntegra:

"Obrigado por comprar este álbum, pelo seu apoio aos artistas, compositores, músicos e outros que criaram e tornaram possível este trabalho artístico. Por favor, lembre-se de que a gravação e o trabalho artístico contidos neste álbum estão protegidos por leis de propriedade intelectual. Como você não é o dono da gravação nem do trabalho artístico, este produto não é seu para distribuição. Por favor, não use os serviços de Internet que promovem a distribuição ilegal de música, nem presenteie aos outros com cópias de seus álbuns ou os empreste para que sejam copiados. Isto prejudica os artistas que criaram a música e tem o mesmo efeito que retirar um álbum de uma loja sem pagar por ele. As leis nacionais e internacionais prevêem penalidades severas, tanto civis quanto criminais, pela reprodução, distribuição e transmissão digital não-autorizada de gravações musicais protegidas por leis de propriedade intelectual.

Para encontrar arquivos legalizados para download visite Musicfromemi.com. Este site foi originalmente desenvolvido em língua inglesa."


Ótimo. Não empreste, não passe adiante e não conte para ninguém que você tem o CD. Não fuja da loja com o CD debaixo do braço! Ou melhor, roube o CD, pelo menos a gravadora continuará ganhando seus trocados e a loja arcará com o prejuízo. Mas cuidado com o alarme!

Abismado com a tecnologia que nunca tinha visto (já que a maioria dos CDs que compro são de pequenos selos europeus, coletâneas que não têm muito nome ou aqueles em gôndolas de promoção no melhor estilo "um-por-cinco-e-cinco-por-vinte") peguei o CD e coloquei no meu computador:

"To listen to the CD a number of files need to be updated on your PC. Select OK to install, Cancel to quit the installation process."

Ok. Ninguém tinha me dito que eu precisaria instalar nada na minha máquina. Como assim? Eu preciso instalar um número de arquivos, não sei quais são, não sei o que essa atualização implica e não sei como fica minha privacidade depois de tentar ouvir o CD. Espere um pouco, tive uma idéia! Vou mandar minha paranóia dar uma volta enquanto eu instalo esse monte de coisas que eu não sei para que servem!

Cancelado, lógico. Abro o Winamp, programa que eu uso para escutar CDs. Nada acontece, ele simplesmente não acha os arquivos de música. Vou ao Windows Media Player para ver o que acontece. Rolou. Felizmente não precisei instalar nada desconhecido para conseguir ouvir o meu CD, que acabei de comprar. Afinal, se não confiam em mim, porque confiarei em uma atualização que eles sugerem?

O som é bom, como eu esperava, mas agora tenho outro problema. Eu comprei recentemente um discman que reproduz MP3, e a vantagem dele é justamente andar com 15 dos meus CDs em apenas um. Se eu comprei o CD, eu tenho o direito de estar com ele, não importa se com o original ou se com uma cópia dele. Parece que deu certo, estou conseguindo transformar em MP3 numa boa. Estranho! Consegui copiar as músicas, embora agora esteja me sentindo um pirata.

Vou entrar no site da EMI, deve ter algo sobre o controle. Nossa, que capricho! Registraram até domínio para informar ao cliente o que está acontecendo.

"Estamos decididos a combater todas as formas de pirataria e vamos utilizar todos os meios possíveis para impedir a cópia e distribuição ilegal da nossa música incluindo medidas tecnológicas, legais e legislativas, onde for apropriado. Roubar propriedade intelectual é o mesmo que roubar qualquer outro tipo de propriedade".

Realmente, vão usar todos os meios! E eu que sempre pensei que o melhor era pesquisar e usar apenas o meio mais inteligente que, de uma vez por todas, o assunto estaria resolvido.

"Embora estejamos envolvidos ativamente no desenvolvimento de tecnologias que impedem a cópia ilegal de CDs, reconhecemos também que as pessoas desejam ouvir a sua música em muitos ambientes diferentes. Assim, estamos trabalhando para desenvolver soluções tecnológicas que não só impeçam a cópia em massa, mas, principalmente, que também lhe permitam fazer um pequeno número de cópias legais de um disco para uso pessoal".

Ah! Obrigado por pensar em quem sustenta vocês! Quem sabe agora possa ter o CD e uma cópia de backup, que eu deixe guardada num cofre para que ninguém mais ouça? Talvez fosse uma boa incluir no CD fones de ouvido e dizer que esse CD pode ser ouvido por apenas uma pessoa! E falar para os artistas fazerem músicas mais complexas, para evitar que as pessoas as cantarolem por aí!

O site informativo ainda explica como transmitir cópias ilícitas pode criar riscos de segurança para seu computador. Gerar pânico, outra ótima estratégia! Dizem lá que um arquivo que parece ser música pode ser um vírus que destrói seu computador, ou pornografia que pode acabar sendo vista por seus filhos.

E no FAQ há mais informações úteis sobre o programa:

"Porque o disco não toca no leitor de CD do meu carro?"

Resposta: "Teste o disco em vários leitores de áudio. Se o disco falhar em vários leitores, é provável que seja um disco com defeito que deve ser devolvido à loja. Se o problema for específico de um leitor particular, comunique ao fabricante e à EMI. Faremos o possível para resolver o seu problema."

E se isso não funcionar, troque o seu carro.

"Posso reproduzir este disco no meu sistema Linux ou outro baseado em Unix?"

Resposta: "No momento, os nossos discos suportam reprodução apenas em computadores PC e Mac".

Ótimo! Aproveite e compre o Windows XP, porque para ouvir um CD que custou R$ 30 você vai precisar de um sistema que custa no mínimo R$ 800! Nada de usar sistemas livres. Formate e instale o Windows.

"Porque o iTunes não reproduz o disco corretamente?"

Resposta: "Porque o iTunes está reagindo à tecnologia de controle de cópias. É por isso que o CD contém um player para Mac"

Sim, nós te diremos o que usar daqui para frente se você quiser mesmo pagar pela nossa música!

Segundo a Phillips, criadora do CD, os CDs com sistemas de controle de cópias violam as especificações do padrão Red Book e, portanto, não podem ser chamados de CDs, ou usar clássico logotipo "Compact Disc". Então fique atento ao símbolo e aos dizeres "Cópia Controlada" na caixinha do CD que você for comprar, pois ele pode não funcionar no seu aparelho.

Depois de tudo isso, dúvidas permanecem. Essa era a melhor alternativa? Vou me sentir um criminoso e ser comparado a um ladrão de CDs mesmo tendo pago mais de R$ 30 pelo disco? Será que a proteção aos direitos autorais exigida pelas gravadoras pode infringir meus direitos como consumidor de usar o produto, pelo qual paguei, como bem entender? Sempre ouvi que o direito de um acaba quando começa o do outro.

E a briga de gato e rato continuará, porque enquanto as gravadoras se sentirem lesadas, lesarão seus clientes com atitudes como essa. Agora, uma coisa eu não entendi: se estão trabalhando numa solução para permitir um pequeno número de cópias legais do disco, eu vou poder copiar os CDs e vender para alguns amigos? Talvez essa seja a forma de fazer um CD de R$ 30 sair por R$ 15, o preço que a maioria dos consumidores pagaria, em vez de copiar e transmitir as músicas pela Internet...

Ações contra a proteção anticópia

A proteção anticópia em CDs é apenas uma maneira de impedir que usuários sem muito conhecimento técnico os transformem em MP3, já que é sabido por todos que crackers e piratas de verdade facilmente conseguirão quebrar essa proteção, se assim quiserem.

Na Internet a manifestação contra o uso de sistemas anticópia é grande. O site Fat Chuck's traz uma lista de CDs "corrompidos", uma maneira de evitar que usuários caiam no conto e levem um CD que não lhes permite a cópia ou, em vários casos, a reprodução em determinados aparelhos de som.

Além da lista, o site também traz dicas de como o usuário pode manifestar seu descontentamento com esta prática, incluindo até dicas de como mover processos contra as gravadoras e seus custos.

A página também oferece links para outros sites semelhantes, como a "Copy Protection Sux" e "Don't Buy CDs".

Fonte: Rodrigo Martin, Terra

Esquenta a briga entre redes P2P e Riaa


A briga entre as empresas que fazem programas de troca de arquivos digitais (P2P) e a the Recording Industry Association of América (Riaa) está cada dia mais espinhosa. Cada oponente tenta a todo custo sair vencedor na peleja que envolve direitos autorais, novos modelos de negócio, consolidação da Internet como canal de distribuição e a conquista de novos nichos de consumo.

O último lance desse jogo foi dado pela StreamCast Networks. O programa Morpheus 4, um software de troca de arquivos, permite a integração simultânea com várias redes de P2P como Kazaa, iMESH, eDonkey, Overnet, Grokster, LimeWire, Gnutella e G2. No dia do lançamento, 300 mil cópias foram baixadas por internautas. O CEO, Michael Weiss, espera criar um novo modo de compartilhamento de arquivos de musica, filmes, fotos e softwares, sem intermediários.

Em contrapartida, a RIAA prometeu fortalecer a política de processar usuários que forem pegos trocando música sem pagar os direitos autorais. A última ação, no final de janeiro, processou 532 pessoas. A mensagem do presidente da RIAA, Cary Sherman, foi clara. "Vamos continuar com as ações contra essa ilegalidade".

Fonte: Terra
O Homem Martelo

O Homem Martelo não fala. Está é a primeira lição. Ele não canta, não dança, não tem vontade própria e suporta muitas e muitas horas vendo e fazendo as mesmas coisas.

O Homem Martelo anda para frente e para trás. Sempre. Ele nunca muda, somente quando lhe é solicitado. Correção, bem solicitado. Se o Homem Martelo não entende, ele simplesmente ignora a ordem. Porque o Homem Martelo, não questiona, ele não pensa, lembram-se?

Na verdade ele pensa. Pensa somente no que interessa, não ocupa sua cabeça com outras coisas. Ele planeja, ele organiza, ele pensa em cores, mas somente quando lhe é solicitado.

Mas quando chega a hora, no fim do dia, o Homem Martelo sai, e transforma-se numa enorme Borboleta.

4 de fevereiro de 2004

"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."


Hilda Hilst
Morre Hilda Hilst, aos 73 anos, e com a escritora paulista morre muito da poesia e da prosa brasileira contempor?nea. Poucas como ela t?o incisivamente criativas e extremamente diferenciada, t?o corajosamente renovadora da fic??o.

Hilda Hilst, quando abre a boca...

Taxada desde sempre de 'maldita', 'pornogr?fica', 'escandalosa', Hilda Hilst foi, no entanto, uma das mais talentosas escritoras brasileiras. Numa avalia??o a s?rio, a cr?tica especializada j? sentenciara: "a poesia de Hilda desenha um arco de coer?ncia e inspira??o sem igual em qualquer outro autor vivo no Brasil."

Poeta e ficcionista , ela dizia-se "megaloman?aca" ao classificar sua pr?pria obra, como prova a estrofe colhida ao acaso em Da morte: "Porque conhe?o dos humanos/ Cara, Crueza/ Te batizo Ventura/ Rosto de Ningu?m/ Morte-Ventura/ Quando ' que vem'".

Hilda nunca sa?a do s?tio, pr?ximo de Campinas, onde se recolhera, h? tempos, qualquer que fosse o tipo de evento a que fosse convidada. [..]

Como toda - toda, sem exce??o - obra de Hilda, as cr?nicas de Cascos e car?cias causaram bastante esc?ndalo junto a seus primeiros leitores, e continuam a causar. Nelas, Hilda exercita mais do que nunca sua veia de provocadora profissional ,utilizando ao m?ximo o sarcasmo, o escracho, a blasf?mia, numa constru??o narrativa de elabora??o perfeita.

Megalomania: Ningu?m me leu, mas eu fui at? o fim, fiz o trabalho. A gente tem de acreditar em si mesma. Eu sei que sou o maior poeta do pa?s, n?o tem import?ncia me chamarem de megal?mana. Escrevi de um jeito que ningu?m escreveu. Foi a ?nica coisa que eu soube fazer na vida.

Honrarias: Me convidam, mas eu n?o vou a feiras de livros, nunca, nenhuma , eu n?o aguento. A gente envelhece e as coisas ficam desimportantes. Honrarias... tudo uma besteira.

?nus intelectual: 'Quelle ?poque, mon Dieu', me disse o cara da Gallimard, 'Quase ningu?m compra a Hilda Hilst, e todo mundo compra o Paulo Coelho.' Pois ?, ningu?m l? mais, nem os franceses. Disseram que "A Senhora D? ficaria dif?cil demais em franc?s. Eu respondi que em copta tamb?m ficaria, em s?nscrito... A Gallimard escreveu que eu transformava pornografia em arte. A? ningu?m leu mesmo.

Livro grosso: Precisa ter humor para escrever. Eu escrevi demais na minha vida, tentei tudo para ser lida. Diziam que Fic??es era grosso demais e Com Meus Olhos de C?o tamb?m. Parece que americano ? que gosta de livro grosso, porque n?o cai da estante.

Bordel geri?trico: Eu falei v?rias vezes para a Lygia Fagundes Telles que eu queria fazer um bordel geri?trico aqui, chamando tamb?m a Nelida Pi?on. ? uma coisa bem inventiva, porque tem tara para tudo. Eu ficaria no caixa, com as luvas longas, e a Lygia trabalharia. Mas ela ficou zangada comigo. O Caio Fernando Abreu, que morou aqui, criou um slogan: 'Venham conhecer Hilda, a fera de Buchenwald; tragam sus hijos a la sexualidad y amor de Nelida Pi?on'.

3 de fevereiro de 2004



era preciso...



Fonte: Autolabs - Laboratórios de Mídia Tática

Fractais

Quando você pensa em uma certa mercadoria, qualquer que seja ela, você sabe que seu preço ora sobe, ora desce, ou seja, dado um intervalo considerável de tempo, este preço se comporta de forma imprevisível. Várias podem ser as causas para este comportamento: a mudança de certas regras comerciais, uma expectativa de falta iminente da mercadoria, ou ainda, uma retração geral da economia... etc. De uma forma geral, os preços devem variar aleatoriamente e ordenadamente. Paradoxo? Não. Em uma escala micro, em curto prazo, os preços se comportam desordenados; mas em numa escala macro, em longo prazo, há certas tendências ordenadas como quando, por exemplo, há um longo período de recessão.

Quando um estatístico estuda certos dados, tais como o preço de certa mercadoria, ele utiliza uma ferramenta indispensável: um gráfico em forma de sino que representa a distribuição gaussiana ou normal dos dados. Esta curva mostra, neste caso, os preços de certo produto em um certo período de tempo. Desta forma a maioria dos valores discretos de preços se situa na parte central desta curva, ou seja, a média. Porém, nos lados desta parte central, a curva cai muito rapidamente.

Existiria um padrão nestes preços? O economista Hendrik Houtahkker aplicou esta forma de sino para estudo de oito anos de preço de algodão, constatando que a curva não se ajustava à distribuição normal perfeitamente. De forma estranha, a curva se alongava ao invés de cair rapidamente.

Algum tempo depois, Benoit Mandelbrot, um jovem matemático, foi convidado para fazer uma palestra no departamento de economia de Havard, do qual Houtahkker era professor. Coincidentemente, Mandelbrot tinha em mente uma figura bastante parecida com o diagrama de preços de algodão que Houtahkker tinha em sua sala. Mandelbrot concluiu que os preços de algodão seriam um bom conjunto de dados que ele poderia utilizar para prosseguir seus estudos. Eles eram numerosos – havia dados de mais de um século – e não continham interrupções.

Mandelbrot fazia parte da International Business Machines Corporation (IBM) e usou os computadores da empresa para processar os dados dos preços do algodão. Como Houtahkker já havia notado, os números mostravam aberração quanto à distribuição normal. O que era impressionante é que havia certa ordem oculta, havia simetria em pequenas e grandes escalas. Isto significava que as seqüências de variações independia da escala. Olhando as variações diárias e comparando-as com as variações mensais, notava-se que elas correspondiam-se perfeitamente. Era isto o que Mandelbrot procurava! um padrão onde , pensava-se, só existiria aleatoriedade.

Tempos depois a IBM começou a enfrentar problemas em suas linhas telefônicas que eram usadas para a transmissão de dados. Vez ou outra havia certos ruídos que causavam erro nos dados transmitidos. Quando Mandelbrot começou a analisar o problema, soube que os ruídos, apesar de aleatórios, apresentavam características peculiares: em certos períodos praticamente não havia ruídos, enquanto que em outros, havia vários erros de transmissão e mais: dentro de períodos de erro havia períodos de transmissão perfeita. A previsão dos ruídos era simplesmente impossível.

Haveria alguma relação deste fenômeno com o comportamento dos preços de algodão? Mandelbrot acreditava que sim. A intuição geométrica era uma de suas qualidades e logo associou a distribuição de erros a uma construção matemática chamada conjunto de Cantor, nome dado em homenagem ao matemático russo George Cantor (1845-1918). Tal construção é simples. Comece com uma linha de certo tamanho; tire o terço médio; tire o terço médio das duas linhas restantes; repita o processo várias vezes. O que sobra são finas linhas, chamadas poeira de Cantor (ver figura abaixo).



Mandelbrot concluiu que esta abstração matemática representava exatamente o ruído nas transmissões. Assim, a solução que a IBM poderia tomar era nula, ou seja, a empresa deveria aceitar o fato de que os erros são inevitáveis e usar estratégia de redundância para descobrir e corrigir os erros.

O conceito da poeira de Cantor era totalmente incomum na matemática sob o ângulo de dimensão. Numa visão euclidiana, como sabemos, um cubo tem dimensão 3 porque apresenta largura, comprimento e altura; uma folha de papel possui dimensão 2 porque tem largura e comprimento; um fio tem dimensão 1 por apenas ter comprimento e, finalmente, um ponto tem dimensão 0 pois não apresenta nenhuma das qualidades.

Mas quando se pensa nas formas da natureza, como contorno de uma folha, do litoral, de uma montanha, de um fragmento de rocha, esta geometria se mostra deficiente. Nas palavras de Mandelbrot: “nuvens não são esferas, montanhas não são cones”. Sobre estas idéias, Mandelbrot escreveu um artigo denominado “Que extensão tem o litoral da Grã-Bretanha?”, onde analisa o processo de mensurar uma forma irregular como o litoral. Para descrever as formas da natureza, Mandelbrot foi além destas dimensões inteiras 0, 1, 2, 3, chegando a dimensões fracionárias.

Faltava um nome para as formas que Mandelbrot pesquisava. Certo dia, ao folhear um dicionário de latim que seu filho terminara de trazer da escola, a palavra foi encontrada: o adjetivo fractus, do verbo frangere, quebrar, fraturar. Daí surgiu a palavra que viria, a partir dali, revolucionar a maneira como são estudadas várias propriedades de diversos campos científicos: fractal.

Difícil conceber objetos de dimensão 2,73, não é mesmo? Realmente. Mas aqui você pode pensar em dimensões não inteiras como grau de aspereza ou grau de fragmentação. Voltando ao estudo do litoral, Mandelbrot viu que o grau de irregularidade permanecia constante, qualquer que fosse a escala utilizada. Isto significa que, seja de perto ou de longe os padrões de forma são os mesmos (da mesma forma que os preços do algodão). A irregularidade é, paradoxalmente, regular.

Esta é uma das principais características dos fractais: a auto-semelhança. Você vê isto sempre que corta um pedaço de couve-flor e vê que este pedaço é semelhante à verdura inteira. Um “pedaço” da poeira de Cantor é semelhante ao conjunto inteiro.
Fonte: In the Caos

Teoria do Caos

Você certamente já planejou algo do tipo: “amanhã à tarde irei à casa de meu colega para juntos irmos à praia”. Então você acorda com um belo dia ensolarado mas aos poucos o céu fica completamente nublado, mesmo com a previsão meteorológica: “Fim de semana com sol durante o fim de semana em todo o Estado”.

Se eu lhe disser que o que aconteceu de inesperado em seu dia é culpa do “caos”, você deverá concordar comigo e até mesmo dizer que o clima mundial é realmente um caos. Pois bem, vamos nos deter um pouco nesta palavra: caos. Ela era usada pelos gregos significando vasto abismo ou fenda. A palavra também alude ao estado de matéria sem forma e espaço infinito que existia antes do universo ordenado, suposto por visões cosmológico-religiosas. E, finalmente, o sentido mais usual de caos: desordem, confusão.

Você poderá ficar triste e dizer: devido a esta desordem do caos, nunca saberei quando o clima estará propício a ir à praia. Mas e se eu lhe disser que por trás desta desordem climática há uma ordem escondida?

Assim, a teoria do caos não é uma teoria de desordem, mas busca no aparente acaso uma ordem intrínseca determinada por leis precisas. Além do clima, outros processos aparentemente casuais apresentam certa ordem, como por exemplo o quebrar das ondas do mar, crescimento populacional, arritmias cardíacas, flutuação do mercado financeiro, etc...

Talvez isto seja animador, mas você ainda deve saber que em situações onde aparentemente há ordem, como por exemplo o movimento de um pêndulo de relógio cuco, um pouco de caos ainda subsiste. Esta é a teoria do caos: há ordem na desordem e desordem na ordem.
Fonte: In the Caos