17 de fevereiro de 2004

Soneto da vida longa
(Eduardo Carvalho)

É como desenhar uma estrela
feita com cinco pontas em roleta
que refiguram o homem para si:
cabeça no alto e os membros em xis.

É como desvendar o grande enigma
tocar o centro aceso da chama ígnea
flutuar no silêncio calmo do aqui
nu no eterno agora de ser feliz.

É como atravessar o etéreo abismo
entre a razão e o sentimentalismo
da dúvida daquilo com que cismo.

É como alcançar sagrado segredo,
de tal vulto, que perco todo o medo
do que, oculto, me mataria mais cedo.

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