16 de dezembro de 2003

cassianoVocê já foi a um ginecologista?
Bom, para começar o medo é algo presente antes, durante e depois da consulta.
Você chega, a secretária pergunta o nome, e manda aguardar. Na mesa central, na frente das poltronas da sala de espera, somente livros sobre as "questões femininas". 'O guia da menstruação', 'Meu primeiro bebê', 'A menina está crescendo', estão entre os best-sellers da mesa.

_Pode passar - diz a voz por trás da janelinha.

A sala, a sala não, o consultório, é com-ple-ta-men-te cor-de-rosa. Cortinas, carpetes, paredes, móveis, tudo tudo tudo, absolutamente tudo rosa. Um espanto. A doutora muito simpática, faz algumas perguntas (aquelas mesmo, 'Você é virgem?, Transa a quanto tempo?, Usa camisinha?, Sentiu dor?, Corrimento?'). É uma situação completamente estranha. Você pensa em mentir, daí lembra que ela faz essas mesmas perguntas para todas as meninas que chegam no seu consultório, e além do mais, o que ele tem a ver com a sua vida. Então você resolve falar a verdade. Nesse momento ela pede que você passe para a salinha ao lado. Já sabemos o que vai acontecer, meu corpo já se prepara, a passos lentos (tento prorrogar o possível a situação que se seguirá) entro na tal da "salinha". Ela me mostra um avental e um par de chinelos cor-de-rosa e pede que eu os vista (sem a o resto da roupa, é claro).

Momento Espanto 1

Olho para a maca. Sim a maca, que se parece muito mais com uma mesa de torturas. Aspecto horrendo, é como se ela tivesse dois braços de ferro, eles servem agradavelmente para manter suas pernas abertas. Manter as pernas abertas, isso não só soa engraçado, é pura comédia.
Contra tudo o que mamãe ensinou (Querida, feche as pernas. Isso não são modos de menina). E agora tenho até um suporte para mantê-las abertas. Nem preciso falar que o terror começa aí. A isso seguem-se uma seção de instrumentos bizarros, coisas que parecem feitas para culinária, outras para animais, algumas para ferreiros, mas nada de fato para meninas.

A doutora um anjo, sim um anjo de garras empunhando coisas assustadoras contra mim. Fazendo perguntas sobre como está a escola, como estão meus pais, como anda frio ultimamente, enquanto, bom prefiro não entrar em detalhes.

Aqui está o relato de umas das experiências mais poéticas(?) de minha vida. Façam proveito dele.

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