23 de junho de 2004

Cultura de Massas e Acarajé

Lendo um livro sobre a tropicália (Antropofagia e Tropicalismo - Editora da UFRGS) encontrei algumas citações de Caetano - FAN-TÁS-TI-CAS . Adorei a lógica e a simplicidade do pensando do poeta chapado, sim pois era assim que o imaginava na época da Tropicália, como um louco e bobo jovem cantor, com suas idéias, sim, mas jamais imaginei que ele pudesse ser tão surreal assim. Procurando nas referências, encontrei a fonte - Revista Bondinho de 1972 - e utilizando dos meios cibernéticos, encontrei a tal da entrevista. Confira ela na íntegra aqui.

"Caetano Veloso, entrevistado pela revista alternativa Bondinho, em 1972, comentava as transformações por que passaram os acarajés vendidos em Salvador como resultado da "Turistização" (sic) da cidade. O acarajé, primitivamente, era feito com feijão fradinho descascado e ralado em uma pedra especial - a mesma que se usava na África. Mas, na Salvador turística de Caetano, até o liquidificador estava sendo empregado para ralar o feijão. O acarajé, por consequência, ficou maior e menos requintado, e em alguns tabuleiros já se oferecia Ketchup como acompanhamento.

Embora admitisse ter saudades do acarejé tradicional, Caetano ressaltava: "voçê não pode exigir que aquelas pessoas passem o dia inteiro para fazer cinco acarajés e morrer de fome, só porque é mais bonito e culturalmente mais puro" [..]" (Maltz, Bina Friedman, Jerônimo Teixeira, and Sérgio L. P. Ferreira. Antropofagia e tropicalismo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1993)


Sobre Bondinho

"Esta publicação ? símbolo de vanguardismo jornalístico no começo dos anos de 1970 - foi pescada a módicos R$ 5,00 em um sebo do centro de São Paulo. Estava lá, deitada, ao lado de uma pilha de parentes pálidos e quebradiços. No Gafieiras, o espanto que causou foi unânime. Tanto por seu conteúdo ? este número ainda contém entrevistas com Luiz Gonzaga, Batatinha e com o diretor de teatro Victor Garcia ? quanto por sua irreverente concepção gráfica.

Depois soubemos que a Bondinho ? surgida como uma publicação da cadeia de supermercados Pão de Açúcar - teve uma vida tão breve quanto revolucionária. A intenção original era fazer uma revista como a Rolling Stone para falar de contra-cultura e de outras bossas, mas a falta de anunciantes minou os esforços da equipe editorial, que trazia entre seus editores-chefe Mylton Severiano e na editoria de fotografia, Cláudia Andujar. Walter Firmo assina o incrível retrato de Caetano na capa."

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