17 de junho de 2004


Cientistas anunciam avanços no teletransporte



Cientistas da Áustria e dos Estados Unidos dizem ter conseguido teletransportar as propriedades de um átomo para outro, um feito que torna mais próximo o sonho dos ultra-rápidos computadores quânticos. A experiência é descrita em um artigo que será publicado amanhã na revista científica britânica Nature.

A experiência é muito mais prosaica do que o teletransporte de pessoas nos filmes de ficção científica, e consiste na transferência de assinaturas chave de um átomo para outro átomo vizinho, em condições controladas em laboratório. Mas, para os cientistas, este é um grande passo rumo aos computadores de nova geração, capazes de realizar funções maiores e mais complexas com maior velocidade.

Os computadores quânticos "podem usar elementos de processamento central menores que um cubo de açúcar para realizar cálculos complexos que atualmente são impossíveis de fazer", informou o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos, que participou da experiência. Eles poderiam ser usados para decifrar códigos, revolucionar a busca de dados e desenvolver novos produtos, tais como assinaturas digitais à prova de fraude.

Estes resultados "representam um passo significativo rumo a tornar o processamento da informação quântica uma realidade", explicou o físico Rainer Blatt, da Universidade de Innsbruck. As propriedades transferidas para a experiência são os chamados estados quânticos do átomo: sua energia, rotação, seu movimento, campo magnético e outras propriedades físicas.

A chave consiste num fenômeno, discutido pela primeira vez 70 anos atrás na teoria de Einstein, chamado entrelaçamento quântico (quantum entanglement), no qual duas partículas manipuladas por uma fonte coerente de luz, como o raio laser, podem se comportar como "gêmeos físicos". Mesmo quando estão separadas, um distúrbio numa partícula afeta a outra, uma anormalidade, chamada entrelaçamento, que Einstein apelidou de "fantasmagórica ação à distância".

Os pesquisadores usaram átomos de berílio carregados positivamente, que foram presos num campo de íons, e usaram lasers para manipular seus estados quânticos. O primeiro passo foi "enredar" dois átomos. Suas propriedades quânticas foram precisamente medidas (fazer isto destrói o estado quântico original) e estas propriedades foram replicadas a laser num terceiro átomo, localizado a oito mícrons de distância, o qual levou apenas quatro milisegundos para fazer a operação controlada por computador, com sucesso de 78%.

O feito marca o progresso rumo ao armazenamento, processamento e a recuperação de dados em alta velocidade. O teletransporte quântico foi evocado pela primeira vez em 1993 pelo pesquisador da IBM Charles Bennett, que propôs usar o entrelaçamento para transferir o estado quântico de um átomo para outro.

Fonte: Terra Ciência

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