4 de setembro de 2003

MARIA-SEM-VERGONHA DE SER MULHER

Já são tantas.
Milhares...Milhões.
Uma verdadeira rama, florescendo por todo o planeta.
Lilás.
São Maria-sem-vergonha de ser mulher.
Não são florzinhas.
São mulheres se agrupando, misturando cores, gritando
encantos,
exibindo suas verdades.

São domésticas, bailarinas, médicas, estudantes,
bancárias,
professoras, escritoras, garis, brancas, negras,
índias, meninas...agricultoras...

São sem-vergonha de lutar, acreditar, denunciar,
exigir, reivindicar, sonhar...

São Maria-sem-vergonha de dizer que ainda falta
trabalho, salário digno, respeito...que ainda são
vítimas da violência física, da porrada, do assédio,
do estupro, do aborto, da prostituição, da falta de
assistência...

São Maria-sem-vergonha de se indignar diante do
preconceito, da escravidão, da injustiça, da
discriminação de seus cabelos pixaim e à sua pele
negra...

São Maria-sem-vergonha de brigar por creches,
educação, saúde, moradia, terra, comida, meio
ambiente...

São Maria-sem-vergonha de ficar bonita, pintar a boca
e da sua boca soltar um beijo que não vem da boca, mas
do seu ser inteiro, indivisível, solidário.

São Maria-sem-vergonha de dizer NÃO, de buscar
alegria, prazer...

Sem vergonha de se cuidar, de usar camisinha e de se
apaixonar.

Atrevidas.

Maria sem vergonha de decidir, fazer política,
escolher e ser escolhida.
São essas sem vergonha que a cada tempo mudam a
história.
Conquistam direitos.
Dão a vida.
Geram outras vidas.
Insistentemente, desavergonhadamente vão tecendo de
cor e beleza, o desbotado das relações humanas.

Sem medo, sem disfarce, sem vergonha de ser feliz vão
parindo com dores e delícias um novo mundo prá
mulheres e homens.

Um novo mundo prá "comunidade dos seres" humanos,
plantas e animais.

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