19 de agosto de 2003

"Tim foi a Londres e se esbaldou. Fumou cheirou, bebeu, viajou de ácido, ouviu música, brigou com a mulher - tudo muito - voltou para o Brasil com 200 doses de LSD para distribuir entre os amigos. Assim que chegou a Philips , que ele chamava de "Flips", onde visitou diversos departamentos, começando pelos que considerava mais caretas, como a contabilidade e o jurídico, onde cumprimentava o titular e repetia e mesmo discurso, com voz pausada e amistosa:

_Isto aqui é um LSD, que vai abrir sua cabeça, melhorar a sua vida, fazer de você uma pessoa feliz. É muito simples: não tem contra-indicações, não provoca dependência e só faz bem. Toma-se assim.

Jogava um ácido na boca e deixava outra na mesa do funcionário atônito. Como era um dos maiores vendedores de discos da companhia, todo mundo achou graça. No departamento de produção e imprensa, os presentes fizeram sucesso. Até André Midani, o presidente da compahia, recebeu o seu. E Tim voltou para casa viajandão, dirigindo seu jipe e certo de que tinha salvado a alma da "Flips". "

Durante muito tempo, alteração de consciência era sinônimo de uso de drogas, para a maioria. Timoty Leary, pai do LSD nos anos 60, antes de morrer e congelar seu próprio cérebro, declarou que o computador seria o ácido das novas gerações, ou coisa assim. Nos anos 60 multidões de jovens buscavam experiências místicas através do LSD. No século 21, esta experiência é proporcionada pela tecnologia , ao menos em nível de multidões. A principal diferença é que o LSD foi banido da legalidade, mas a tecnologia tem seu uso incentivado para todos, crianças, jovens , adultos e idosos.

Queiramos ou não, o cérebro humano está tendo que se adaptar velozmente às mudanças que a tecnologia impõe. Antes se recebia uma carta de vez em quando. Hoje são vários e-mails diários.
Antes só poderíamos saber algo sobre física quântica se fossemos físicos, ou tivessemos acesso a bibliotecas universitárias, hoje, em um minuto não se sabe nada sobre um assunto, e em outro, já pesquisamos na web e podemos começar a conversar sobre aquilo com tranquilidade. E podemos gerar nossa visão sobre o assunto em uma homepage. E podemos falar com alguém do Cazaquistão em tempo real sobre aquilo.

Para produzir arte, era preciso material, técnica, ou ambientes muito particulares.
Hoje com um Mac, ou PC e com(ou até sem) os periféricos certos, você pode fazer filmes, músicas, design, textos, gravuras, games, animações, com qualidade profissional. Tudo em casa. Você pode criar seu próprio estilo, e pode deixar tudo acessível a toda a humanidade, pelos veículos citados acima e outros mais.

Nenhum comentário: