O Travessão.
Ele se chama Miguel Pereira dos Santos, é brasileiro, e nasceu em 12 de julho de 1943, em Recife-PE. Filho de Pedro Francisco dos Santos e Helena Pereira dos Santos era chamado de Cazuza. Tinha 29 anos. Desapareceu e foi encontrado morto no dia 20 de setembro de 1972. Ele era militante. Na lage de seu túmulo, palavras como herói poderiam estar inscritas. Ou algo como:
*12/07/1943 - ?15/08/1972
Miguel Pereira dos Santos
"Mártir da revolução"
Entre o nascimento de miguel e sua morte, há um pequeno que sempre nos passa desapercebido - o travessão.
A vida de Miguel está ali, naquela lápide. Resumida neste ínfimo espaço. Suas lutas, suas crenças, sua fé. Experiências, estórias e histórias, pessoas, amores... todos naquele pequeno traço. Traço este que resume, o quanto algumas coisas podem ser insignificantes. À morte é despendida maior importância do que à vida. Amadorismo. O ser humano não sabe viver. Não conhece a importância de cada segundo, e a beleza de viver intensamente. Perde tempo, tolo.
Relatório Arroyo: "No Destacamento C, cerca do dia 20 de setembro, dois companheiros, Vítor e Cazuza, deslocavam-se para fazer um encontro com três outros companheiros. Acamparam perto de onde devia se dar o encontro. À tardinha, ouviram barulho de gente que ia passando perto. Cazuza achou que eram os companheiros e quis ir ao encontro deles, mas Vítor não permitiu. Disse que se devia ir ao ponto no dia seguinte. Pela manhã, Cazuza convenceu Vítor a permitir que ele fosse ao local onde, na véspera, ouvira o barulho. Vítor ainda insistiu que não se devia ir ao ponto, mas acabou concordando. Ao se aproximar do local do barulho, Cazuza foi metralhado e morreu."
'Há beleza na vida, e eu a amo'
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