18 de abril de 2005


Cientistas produzem plasma que originou o universo


A colisão de íons de ouro dentro de um acelerador de partículas reproduziu, por alguns instantes, o plasma de quark e glúons, fluido perfeito no qual o universo nasceu, anunciou uma equipe de cientistas nesta segunda-feira.
Os pesquisadores usaram o acelerador de íons do Laboratório Nacional de Brookhaven (EUA), que possui dois túneis magnéticos que medem 3,86 quilômetros. Dentro deles, o feixe de íons viaja a 99,995% da velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo.

Segundo Sam Aronson, diretor adjunto de Física Nuclear e de Alta Energia em Brookhaven, dentro dos dois anéis concêntricos construídos com 1.740 geradores de eletricidade supercondutores, foi obtido "um novo estado da matéria".

Durante aproximadamente 0,00000000000000000000001 segundo, houve a colisão frontal de um feixe de pesados núcleos de ouro contra um feixe de dêutons (partículas formadas por um próton e um nêutron).

A colisão reproduziu dentro do túnel "um fenômeno como o que aconteceu no Universo há 13 bilhões de anos, quando os quarks e glúons (bósons com forte interação nuclear) livres esfriaram formando as partículas que agora conhecemos". A colisão gerou temperaturas centenas de milhões de vezes mais altas que as da superfície do Sol.

Aronson e seus colegas apresentaram os resultados dos experimentos hoje, durante um encontro da Sociedade de Física dos Estados Unidos, em Tampa, Flórida.

Os cientistas trabalham com a teoria de uma explosão primária, o Big Bang, que é a principal teoria sobre a origem do Universo. Segundo essa teoria, o Universo nasceu entre 20 e 10 bilhões de anos atrás, numa grande explosão que lançou matéria em todas as direções. Por um instante após essa grande explosão, de acordo com a teoria, toda a matéria ficou na forma líquida, um plasma de glúons e quarks.

Os quark e os glúons são partículas com carga de cor. Da mesma forma que as partículas com carga elétrica interagem trocando fótons, as partículas com carga de cor trocam glúons nas interações fortes.

No início da experiência, os cientistas esperavam que a colisão produzisse uma dispersão de quarks como se fosse um gás. Mas os quarks se comportaram como um fluido perfeito, sem turbulências ou movimentos aleatórios.


Fonte: Terra Ciência

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